segunda-feira, 20 de julho de 2009

Até quando?


Hoje, enquanto voltava do trabalho pra casa, fiquei pensando em um assunto que realmente me incomodou. Os medos atuais. Já parou para pensar sobre as coisas que nos causam medo atualmente?

A falta de segurança é um ótimo exemplo. Nós saímos pela manhã para trabalhar e estamos sujeitos a tantas coisas! Um acidente de trânsito, um assalto, um seqüestro-relâmpago. No próprio ambiente de trabalho, temos medo de sermos demitidos (como pagar as contas?), daquele colega invejoso aprontar para cima de nós...

No dia-a-dia, temos medo de notícia ruim. De perder alguém que amamos. Da reação do seu amigo quando você esquece - por pressa e total falta de tempo - o aniversário dele. De abrir a maldita fatura de cartão de crédito. De receber mais uma multa e correr o risco de perder a habilitação por excesso de pontos.

Temos medo de abrir um arquivo do e-mail (pode conter vírus). Temos medo de atender uma ligação de um número desconhecido (podem querer clonar o celular). Evitamos sacar dinheiro em caixas eletrônicos localizados em pontos muito movimentados (pode ter chupa-cabras e copiarem a tarja).

Temos medo de ingerir muito açúcar. Temos medo de engordar. Temos medo da gordura trans (?). Chocolate engorda, salgadinho de pacote tem corante artificial e salgadinho de boteco é encharcado de óleo (aiiii o colesterol!). Ou seja, não se pode ter prazer nem com a comida!

E por falar em "comer" (hehehe) Temos medo até de transar com quem acabamos de conhecer. Aids, DST, tanta coisa ruim que afugenta e amedronta! Não se pode ter prazer sem prevenção e, mesmo com prevenção, vai que...

Temos medo de usar desodorante que contenha CFC. Temos medo de comer uma fruta ou verdura sem lavar. Temos medo do mosquito estranho que está na parede (vai que é da dengue?). Temos medo de tomar banhos demorados e relaxantes e acabarmos com a água do planeta! Temos medo de imprimir documentos e desperdiçar papel.

Agora, como se não bastasse mais nada, temos medo de respirar e pegar a gripe suína!

Ora, não se pode sair de casa, nem trabalhar em paz, nem comer o que você gosta, nem dar para quem você bem entender e nem respirar? E eu pergunto: até quando? Até quando seremos reféns desses medos urbanos? Do excesso de informação, que ameaça, limita e pune?

Ah, às vezes cansa...

terça-feira, 7 de julho de 2009

O poeta está vivo sim!


Quem nunca sonhou em ter a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida?

Ou pensou ter encontrado o amor da sua vida, que duraria daqui até a eternidade? E, por isso, se jogou aos pés da pessoa amada, assim, exagerado?

Quem nunca buscou por uma ideologia para viver? E quem pensou (ou teve certeza) que a burguesia fede?

Quem nunca fez promessas malucas, tão curtas quanto um sonho bom? Quem é que nunca guardou segredos de liquidificador ou protegeu o nome da pessoa amada por amor?

Quem é que nunca pensou estar sobrevivendo dias sim, dias não, sem um arranhão? E que, justamente por conta disso, teve a certeza de que o tempo não pára?

Quem é que nunca curtiu a hora da Sessão Coruja, nem que fosse pra ver o dia nascer feliz?

Quem é que nunca odiou alguém por quase segundo só para amar mais depois?

Quem nunca inventou um amor e, quando acabou, descobriu que ele nunca existiu?

Quem nunca teve vontade de gritar na frente do Palácio do Planalto: Brasil, mostra a sua cara?

Quem é que nunca quis ser Cazuza?

Sim, o poeta está vivo. Conheceu os jardins do Éden e nos contou. Durante a sua breve vida louca... Mas intensa, como tudo o que há de melhor no mundo deve ser. Alguém já disse que a importância de um momento não se conta pelo tempo que ele durou, mas sim pela sua intensidade. Cazuza foi assim. Intenso. Amado. Odiado. Aplaudido. Recusado. Incompreendido. Admirado. Corajoso. Verdadeiro. Excêntrico. Libertino. Ousado. Único.

O mundo carece de novos Cazuzas. Obrigada por existir e por deixar o seu legado para a eternidade. E, acima de tudo, obrigada por fazer parte da minha vida e de muitas outras pessoas que o entendiam e que, no fundo, sempre quiseram ser um pouco Cazuza.