sexta-feira, 29 de maio de 2009

Falha na comunicação


Lá vai ele, rumo a sua casa depois de um dia exuastivo de trabalho. Às vezes, exigir demais do intelecto cansa mais do que carregar tijolos e sacos de cimento no lombo. Ele desce uma das ruas mais democráticas da gigante São Paulo. Preocupado, nem repara na diversidade de pessoas, estilos e tribos que desviam das poças d’água nas calçadas molhadas pela garoa fina que insiste em cair na terra conhecida justamente por essa característica peculiar.

Ele pára. Reflete um pouco e decide entrar em um dos botecos da rua para uma cerveja inocente. Senta-se ao balcão, pede a “de sempre”, ajeita-se na cadeira e pensa na vida. O trabalho lhe demanda muito, grande volume de informações, cobranças, pressões... Ele, mais do que ninguém, sente-se merecedor daquela pausa após labuta. Uma de suas preocupações vêm a mente entre um gole e outro da bebida: um novo lugar para morar.

O contrato atual venceu e o proprietário lhe decretou a data de saída do imóvel. O tempo parece ser cruel e implacável e ele não consegue encontrar nada que lhe agrade. Ora, escolher uma casa não é como comprar uma calça jeans, você não poderá se arrepender, pelo menos, por longos doze meses. Por isso, todo cuidado é pouco e toda a cautela é fundamental.

Ele faz algumas contas e sente-se mais desanimado quando vê que o dinheiro mal sobrará para o lazer. Mas ok, tudo o que ele não precisa é de mais uma preocupação. A cerveja acaba. Ele titubeia entre pedir mais uma ou subir a ladeira em direção ao coração financeiro de Sampa para, finalmente, chegar em casa e dormir o sono dos justos. Levanta-se, paga a conta e sobe a rua, entre letreiros luminosos de bares e baladas que já começam a se preparar para receber as centenas de pessoas que se aglomeram pela rua Augusta.

Preocupado que estava, não deu oportunidade de conversar com seu vizinho no balcão do boteco. O homem estava preocupado pois havia dois meses que colocava sua casa para alugar – oportunidade que o aposentado vislumbrou de aumentar sua renda mensal – e não recebera nenhum telefonema de interessados pela locação.

Tem dias à tarde que a noite é foda.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Influenciar para ser influenciado

Hoje em dia, com os avanços da comunicação e o surgimento de novos meios e ferramentas para nos comunicarmos com o mundo (seja ele real ou virtual), nota-se um fenômeno cada vez mais freqüente: a necessidade das pessoas e empresas serem reconhecidas como influenciadoras de opinião. Mas até quando é relevante valer-se desse “título”? E, mais, quando vale a pena exercer influência sobre determinada pessoa/público?

Todos sabem que a propaganda é grande manipuladora, exerce papel determinante enquanto influenciador no consumo das pessoas. Você nem está com fome mas basta uma propaganda “apetitosa” para assaltar a geladeira. E que decepção quando não temos o tal produto anunciado na nossa despensa. Mas ok, problema resolvido: ele será item certo no seu carrinho de supermercado. E as tentadoras promoções que assolam as vitrines dos shoppings centers? Você nem precisa de DUAS botas mas a vendedora alardeia tanto que na compra de uma você ganha desconto na segunda... É, não custa (quase) nada levar uma preta e marrom.

Até aí, nada surpreendente, principalmente se lembrarmos que vivemos em um país onde – dizem – uma emissora de TV elegeu o presidente da República (ou seja, foi capaz de – enquanto veículo de comunicação de massa – manipular centenas de milhares de eleitores). Mas e na nossa vida? Será que influenciamos pessoas ou somos mais influenciados do que influenciadores?

Para responder essa questão, a única forma é olharmos para nós mesmos e repararmos como agimos em determinadas situações. Aquele olhar de cachorro que caiu da mudança só para convencer o namorado a ir no aniversário de 90 anos da sua bisavó vale, viu? E quando aceitamos uma condição imposta por um amigo (nem que seja aquele seu amigo-irmão que te liga pedindo que o acompanhe a um bar de sertanejo – você odeia sertanejo – mas que faz questão de lembrá-lo que quando você precisou de carona para voltar da praia ele se ofereceu)?

No trabalho, basta alguém comentar que fulano “queimou” beltrano com o diretor que você, mesmo sem ser afetado por isso, passa a repudiar tal pessoa e pensa duas vezes antes de comentar ou se queixar em relação a alguém da empresa. Para sair mais cedo na véspera de feriado, você jura que já terminou seu trabalho e que as pendências poderão ser resolvidas na volta, sem problemas. Nesse caso, jurar só não basta. Então, você dá “um jeitinho” de prorrogar alguns prazos (já que lhe convém).

Uma coisa é certa: nas situações cotidianas mais simples e corriqueiras, estamos influenciando e sendo influenciados por pessoas. O tempo todo! Basta termos discernimento e sabermos usar nosso “radar” para as boas e as más influências. Afinal, comprar uma bota verde-limão que não combina com nada, experimentar um queijo com sabor de lagosta mediterrânea ou perder o prazo de uma matéria que seria a capa da Exame não precisam (e nem podem) acontecer! Mas a gente nem sempre se atenta ao teor da influência. Think about!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Indecifráveis


Algumas pessoas são realmente intrigantes. Não, não seriam interessantes, são intrigantes mesmo. Antes decididas, nos surpreendem com suas atitudes. Às vezes, é bacana surpreender (assim como ser surpreendido) mas também é necessário mantermos uma lógica nas nossas atitudes e ideologias. Dizer e desdizer está se tornando cada vez mais comum. Será que é por que, muitas vezes, as pessoas não têm plena certeza do que querem/pensam e saem por aí proferindo palavras sem se preocuparem com o efeito que elas poderão causar?

Já ouvi dizer que aquilo que é dito não se apaga. Pode-se esquecer, mas ficou em algum lugar. O problema é quando quem diz esquece mas quem ouve, guarda.

Trocar de ideia é aceitável. Às vezes, durante anos pensamos estarmos certos sobre determinada coisa quando, de repente, percebemos que estávamos errados. Louvável reconhecermos nosso erro e, então, mudarmos nosso ponto de vista. Mas ter certeza de algo e insistir em errar é preocupante. Aí já entro em uma viagem que não tem resposta (eu, pelo menos, não tenho, se alguém quiser viajar junto sobre isso, ótimo!): Quem poderá nos dizer quando estamos certos e errados? Até quando o que é certo para ele será certo também para mim?

Ok, vivemos em uma sociedade permeada por leis e conceitos. Muitas vezes, acabamos por aceitá-los sem termos sequer direito à escolha (roubou? é crime, será preso, terá que pagar por isso). Mas e para os sentimentos e todas as demais coisas abstratas? Os conceitos de belo, feio, bom, ruim, quente, frio... São variáveis. Não temos o direito de dizer a uma pessoa o que é bonito, o que é bom... Talvez o que me agrada não necessariamente agradará minha amiga, meu tio... E nesse caso não existe certo e errado, são pontos de vista diferentes e, portanto, respeitáveis.

Quando o assunto é amor então, aí complica de vez. Aí não adianta tentar entender, nem estar certo ou errado. Amor é sentimento, logo, não se pode - e nem se deve - tentar entender. O melhor é sentir. Sem regras, nem pudores. Sinta-se bem. Sinta-se feliz. Mas, acima de tudo: permita-se sentir!

sábado, 23 de maio de 2009

O bom de ser...


Talvez as pessoas nasçam com missões. Caminhos e pessoas pré-destinadas, como aquele sorriso que você não consegue conter, aquela lágrima que não dá para disfarçar, o cabelo mal arrumado e espetado que nem a fivela consegue esconder.... Por mais que você fuja, mude-se para o Acre (se é que ele existe), troque de nome, venda seu celular... O que tem que ser é! Simples assim.

Mas eu prefiro pensar que algumas coisas podem ser alteradas. Digamos que você ganha uma licença de Deus para fazer da sua vida o que bem quiser. Tem os que usam essa "permissão" e decidem quando, onde e o quê fazer. E tem os acomodados, que dispensam o livre arbítrio e, simplesmente, assistem a vida acontecer. Mas, cá entre nós? Acho que ainda assim, nos dois casos, algumas coisas são inevitáveis.

O bom da vida, por si só, é existir! E melhor ainda é você saber que tudo nela é efêmero. O céu que você contempla hoje não será o mesmo de amanhã. Sua melhor amiga de infância, por onde anda? Você nem sabe mais dela e só se lembra muito de vez em quando. Por que? Passou, acabou o tempo. E o carinha do terceiro colegial que você e todas as meninas do colégio achavam lindo? Nas férias de final de ano você se esqueceu dele e quem passou a importar era o carinha de São José dos Campos, que também passava as férias no seu prédio da praia. A melhor calça, a melhor bolsa, o melhor sapato, o penteado, a cor do esmalte que você passa. Tudo é passageiro mas tem a sua importância pelo período de tempo que VOCÊ determinar.

Por isso é cada vez mais importante viver bem todos os momentos, com intensidade, paixão, força.... Entregue-se ao máximo, faça valer a pena sempre! Você não sabe por quanto tempo estará fazendo a diferença na vida da outra pessoa, então, se for a última vez que você realmente terá importância para ela, deixe que ela se lembre de você da melhor forma possível. E obtenha o melhor de tudo, extraia as coisas que te fazem bem e separe aquilo que nem é tão legal assim. Não ignore, apenas não absorva. Um dia, isso poderá lhe ser útil.

Uma vez ouvi de uma pessoa que quem vai com a gente até o final somos nós mesmos. Por isso, temos que vir sempre em primeiro lugar. Vez ou outra abdicamos das nossas coisas para ceder um pouco ao próximo. Mas a nossa felicidade e plenitude não pode ser menos importante do que nada e ninguém.

Tudo na vida é passageiro e esse é o bom de ser!