quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Fácil


::: Eu não quero viver um amor de cinema
Não acredito em nada que seja 100% e nem em casais que são felizes
O ser humano, por sua essência, tem defeitos. Se é difícil conviver com os seus, imagine conviver com o do outro?
::: Quero viver um amor que me faça feliz
Quero sentir frio na barriga ao vê-lo chegar
Me arrepiar ao ouvi-lo dizer que me ama
Quero ouvir que fico linda quando acordo, mesmo com a cara inchada e o cabelo desarrumado
Quero que ele me entenda na TPM, compre chocolate, nunca deixe faltar Coca-Cola e ainda diga que nem percebeu que estou uma mala
Quero que ele cale a minha boca com um beijo, não com palavras
Quero que ele mate minha fome com prazer, não com comida
::: Eu espero um amor que seja meu cúmplice. Que entenda meus erros e ainda compactue deles
Não que passe a mão na minha cabeça, mas que me ajude a sair dos problemas se enfiando neles comigo
Quero cruzar a linha de chegada e vê-lo do outro lado, me esperando de braços abertos e um sorriso na cara
Não quero saber que posso contar com ele. Quero contar e só saber depois
::: Quando eu estiver triste, quero que ele me faça rir só falando bobagens e coisas desconexas
Não quero que ele me julgue nunca, salvo quando ele disser que eu sou a mulher da vida dele
Quero que ele me faça feliz só pelo fato de existir e ser
Quero que ele seja possessivo, me trate como dele, e só dele
Quero que ele cozinhe pra mim, lave o banheiro, arrume a sala e me deixe dormir até mais tarde
::: Quero que ele curta praia, sol, mar, mas que admita que tudo isso só vale se for comigo junto
Quero que ele admita seus defeitos, seus erros, e saiba que mesmo assim eu o amo incondicionalmente – e não mude nunca
Quero que ele me ligue de madrugada só pra dizer que me ama
Quero que ele toque violão e faça músicas pra mim
Que ele cuide de mim quando estiver mal, ou mesmo quando estiver melelê e só precisar de carinho
::: Quando eu brigar com ele, quero que ele me abrace, me beije e diga que tudo vai passar
Quando eu estiver triste, quero que ele só fique do meu lado. Quietinho. E espere que eu fale com ele se quiser (e quando quiser)
Quero que ele seja sempre meu melhor amigo. Pra todas as horas.
Quero poder pensar nele quando eu abrir os olhos de manhã. E também que ele seja meu último pensamento antes de dormir.
::: Quero ter certeza de que essa pessoa existe. E eu acho que existe sim.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Eu sei


:: Hoje eu só queria dizer que tenho tentado de tudo para me tornar a pessoa perfeita para você. Desculpe se, na ânsia de agradá-lo, me perdi no caminho e deixei algo a desejar
:: Eu sei que, dia após dia, aprendo com a vida e procuro usar esse aprendizado para um bem maior: o bem das pessoas que eu amo
:: Passamos dias incríveis, noites inesquecíveis, momentos inigualáveis. Quero te agradecer pela companhia, pela atenção e por ter tornado tudo isso especial
:: Também quero dizer que nunca esquecerei o brilho dos seus olhos, o calor da sua pele, o seu cheiro de roupa seca no sol, a textura do seu cabelo recém-raspado, o atrito do edredom envolvendo nossos corpos
:: Ainda consigo te ouvir dizer “bom dia”
:: Não me lembro de escutar você falar “não te quero mais”
:: Existem dois pontos na vida de quem ama que merecem atenção:
1. Quando você começa a entender o que as letras de músicas querem dizer
2. Quando você não consegue mais se imaginar sem a outra pessoa
:: Já passei pelos dois estágios e a situação é bem complicada
:: Gostaria muito de poder ter certeza de que estou no caminho certo, de que realmente vale a pena mergulhar nesse mar ao invés de, por medo de se machucar, ter de se limitar a molhar somente a ponta dos pés
:: Medo de descobrir dentro do oceano que eu não sabia nadar. Ou que meus braços e pés não agüentariam nadar por muito tempo. O problema está em saber que o mar não vai dar pé, depois de mergulhar, não tem volta
:: Ainda sinto suas mãos segurando as minhas. Vejo seus dedos curtos e gordinhos envolvendo os meus, finos e longos (mãos de pianista)
:: Lembro com saudades dos nossos momentos “mentalidade dez anos”, com coisas bizarras e escatológicas, ataques de riso incontroláveis e a sensação incomparável de amar e ser amado – só quem passa por isso sabe
:: Sinto falta de dormir apertada na cama de solteiro
:: Fico feliz por saber que eu amo saber que eu te amo
:: Desculpa se te magoei. Se te acusei injustamente, se te fiz passar por situações que você não merecia, desculpe
:: Quero te pedir só mais uma coisinha:
Não deixe que a gente se perca! Não depois de tudo o que passamos, de tudo que fizemos e de tudo que vencemos. Pode ser?

PS: Volta logo! Você faz uma falta danada!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pintura íntima


Às vezes eu me pego pensando em como seria se pudéssemos, ao final do dia, pintar um quadro que resumisse como foi aquele período vivenciado. Seria muito interessante, não? A cada dia, uma visão diferente traduzida em cores, formas, símbolos... Mensagens traduzidas em arte!

Alguns dias teriam cores vibrantes: laranja, verde escuro, amarelo, vermelho, roxo. Outros, tons mais pasteis: rosa claro, azul céu, verde água, amarelo bem clarinho. Já determinados dias receberiam cores escuras, frias: cinza, bege, terra, grafite. E ainda, teríamos alguns quadros (tomara que pouquíssimos) com cores tristes e sóbrias: preto, cinza, branco.

As formas seriam as mais variadas! Dias felizes trariam sol, flores, crianças, aves. Aqueles dias românticos teriam dezenas de corações, bonequinhos, flores caprichadas, uma lua cheia ou um sol radiante. Os tensos teriam traços fortes, linhas sinuosas, formas abstratas. Os tristes trariam nuvens de chuva, pessoas sozinhas.

Quando quiséssemos saber como foi o ano "x", bastava reunir todos os quadros pintados e fazer uma análise. Teríamos uma coleção considerável! Única, pessoal e eterna. Assim como são nossas vidas!

Se pensarmos desse jeito, nossas vidas são compostas de coleções desses quadros. Uma vez pintados, não podemos apagá-los mas, se a pintura não agradou, podemos nos esforçar para, no dia seguinte, fazermos um desenho mais atraente, que dê orgulho de pendurar na parede!

Se hoje eu pintasse o meu quadro do dia ele seria neutro. Nem feliz, nem triste. Nem colorido, nem sóbrio. Vou me esforçar para que meu quadro de amanhã seja mais bonito! Acho até que vou separar os potinhos de tintas das cores amarelo, laranja, azul, roxo e vermelho! Espero desenhar muitos sois, flores, corações e bonecos "smile".

E você? Como seria o seu quadro de hoje?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tudo anda muito complicado...


Tem dias que é difícil manter a postura de uma pessoa centrada. Os problemas e inquietações aparecem, não tem como fugir deles. Aliás, acho mesmo que os problemas são o que nos fazem lembrar o real motivo de estarmos vivos: aprender.

Bacana quando conseguimos aprender com os obstáculos que aparecem no nosso caminho. Em geral, posso dizer que eu aprendo com eles, mas às vezes demora.

Ultimamente, tenho percebido que preciso melhorar – e muito! – em relação à compreensão às pessoas, de maneira geral. Tenho um defeito horroroso de esperar muito dos outros, principalmente em relação a atitudes.

Não espero nada em troca e sou incapaz de jogar as coisas na cara das pessoas. Mas toda vez que alguém age diferente de como eu esperava que agisse, fico mal, isso me chateia.

Em situações específicas, sei que o maior erro foi meu. Por estar acostumada a algumas reações que aconteciam, acho que elas vão continuar acontecendo mesmo quando as pessoas envolvidas são diferentes. E dói.

Juro que estou começando a considerar a hipótese de eu ser mesmo uma pessoa mimada. De ter tudo quando, onde e como eu quero. E aí complica tudo quando algo sai de forma diferente àquela que eu já tinha certeza que seria.

Pretensiosa? Talvez. Tenho que começar a entender (aliás, já demorei a entender isso) que as pessoas são diferentes e, por causa disso, agem de maneira diferente. Nem melhor, nem pior, apenas maneiras diferentes.

Acho que vou escrever essa frase e colá-la em diversos lugares: no espelho do banheiro, no meu quarto, no computador do trabalho, no meu carro. Fazer uma lavagem cerebral em mim mesma. Quem sabe assim eu sofro menos das próximas vezes em que as coisas não saírem exatamente da maneira que eu havia planejado?


segunda-feira, 20 de julho de 2009

Até quando?


Hoje, enquanto voltava do trabalho pra casa, fiquei pensando em um assunto que realmente me incomodou. Os medos atuais. Já parou para pensar sobre as coisas que nos causam medo atualmente?

A falta de segurança é um ótimo exemplo. Nós saímos pela manhã para trabalhar e estamos sujeitos a tantas coisas! Um acidente de trânsito, um assalto, um seqüestro-relâmpago. No próprio ambiente de trabalho, temos medo de sermos demitidos (como pagar as contas?), daquele colega invejoso aprontar para cima de nós...

No dia-a-dia, temos medo de notícia ruim. De perder alguém que amamos. Da reação do seu amigo quando você esquece - por pressa e total falta de tempo - o aniversário dele. De abrir a maldita fatura de cartão de crédito. De receber mais uma multa e correr o risco de perder a habilitação por excesso de pontos.

Temos medo de abrir um arquivo do e-mail (pode conter vírus). Temos medo de atender uma ligação de um número desconhecido (podem querer clonar o celular). Evitamos sacar dinheiro em caixas eletrônicos localizados em pontos muito movimentados (pode ter chupa-cabras e copiarem a tarja).

Temos medo de ingerir muito açúcar. Temos medo de engordar. Temos medo da gordura trans (?). Chocolate engorda, salgadinho de pacote tem corante artificial e salgadinho de boteco é encharcado de óleo (aiiii o colesterol!). Ou seja, não se pode ter prazer nem com a comida!

E por falar em "comer" (hehehe) Temos medo até de transar com quem acabamos de conhecer. Aids, DST, tanta coisa ruim que afugenta e amedronta! Não se pode ter prazer sem prevenção e, mesmo com prevenção, vai que...

Temos medo de usar desodorante que contenha CFC. Temos medo de comer uma fruta ou verdura sem lavar. Temos medo do mosquito estranho que está na parede (vai que é da dengue?). Temos medo de tomar banhos demorados e relaxantes e acabarmos com a água do planeta! Temos medo de imprimir documentos e desperdiçar papel.

Agora, como se não bastasse mais nada, temos medo de respirar e pegar a gripe suína!

Ora, não se pode sair de casa, nem trabalhar em paz, nem comer o que você gosta, nem dar para quem você bem entender e nem respirar? E eu pergunto: até quando? Até quando seremos reféns desses medos urbanos? Do excesso de informação, que ameaça, limita e pune?

Ah, às vezes cansa...

terça-feira, 7 de julho de 2009

O poeta está vivo sim!


Quem nunca sonhou em ter a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida?

Ou pensou ter encontrado o amor da sua vida, que duraria daqui até a eternidade? E, por isso, se jogou aos pés da pessoa amada, assim, exagerado?

Quem nunca buscou por uma ideologia para viver? E quem pensou (ou teve certeza) que a burguesia fede?

Quem nunca fez promessas malucas, tão curtas quanto um sonho bom? Quem é que nunca guardou segredos de liquidificador ou protegeu o nome da pessoa amada por amor?

Quem é que nunca pensou estar sobrevivendo dias sim, dias não, sem um arranhão? E que, justamente por conta disso, teve a certeza de que o tempo não pára?

Quem é que nunca curtiu a hora da Sessão Coruja, nem que fosse pra ver o dia nascer feliz?

Quem é que nunca odiou alguém por quase segundo só para amar mais depois?

Quem nunca inventou um amor e, quando acabou, descobriu que ele nunca existiu?

Quem nunca teve vontade de gritar na frente do Palácio do Planalto: Brasil, mostra a sua cara?

Quem é que nunca quis ser Cazuza?

Sim, o poeta está vivo. Conheceu os jardins do Éden e nos contou. Durante a sua breve vida louca... Mas intensa, como tudo o que há de melhor no mundo deve ser. Alguém já disse que a importância de um momento não se conta pelo tempo que ele durou, mas sim pela sua intensidade. Cazuza foi assim. Intenso. Amado. Odiado. Aplaudido. Recusado. Incompreendido. Admirado. Corajoso. Verdadeiro. Excêntrico. Libertino. Ousado. Único.

O mundo carece de novos Cazuzas. Obrigada por existir e por deixar o seu legado para a eternidade. E, acima de tudo, obrigada por fazer parte da minha vida e de muitas outras pessoas que o entendiam e que, no fundo, sempre quiseram ser um pouco Cazuza.



terça-feira, 30 de junho de 2009

Tudo


Ele me envolve em seus braços e, em um abraço, todo o mal fica de fora. Agora somos um. Presos no mesmo espaço, ligados a um só tempo, egoístas com o que nos rodeia. Só existe nós, ali, intactos, mudos, inundados pelo silêncio por vezes interrompido pelo barulho da nossa respiração.

Batimentos acelerados, ansiosos, pulsados e desritmados. Sedentos, saudosos. É como se fosse possível eternizar aquele momento. Não se sabe por quanto tempo dura, mas nunca é suficiente e sempre queremos mais.

As mãos percorrem tensas o corpo do outro, a saliva seca, os olhos se fitam e transmitem carinho, desejo, realização. É bom estar com ele, é bom sentir o que sinto, o que ele me proporciona.

Segurança. Talvez seja essa a palavra. Segurança com carinho. Cumpliciddade, é essa a palavra que nos define. Sim, somos cúmplices. Das mentiras, das preocupações, das aflições, das prioridades, do desejo, dos sentimentos. Cúmplices em tudo.

Beijos calorosos, carinhosos, estratégicos. Calor, suor, energia, fluidos. A atmosfera nos envolve e faz aflorar os instintos. Misto de prazer e dor. Medo de onde isso vai dar. O depois reserva surpresas e o amanhã é uma incógnita. É preciso sentir o hoje, o agora, cada minuto e segundo mágicos.

Não sei descrever o que vejo quando olho em seus olhos, mas é bom. Talvez não saiba descrever por que ele me completa. É isso, me sinto completa. Como pessoa, mulher, valorizada. Completa. Nem que seja num instante, naquele instante onde é possível sentir tudo. Eu com ele somos tudo.

PS: É sempre bom avisar: esse é mais um post dedicado a ninguém. Obrigada.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Se...


Se ele fosse música... seria o rock
Se ela fosse música... seria bossa nova
Se ele fosse bebida... seria a cerveja
Se ela fosse bebida... seria a vodka
Se ele fosse uma cor... seria o preto
Se ela fosse uma cor... seria o branco
Se ele fosse uma cidade... seria a São Paulo
Se ela fosse uma cidade... seria o Rio de Janeiro
Se ele fosse uma flor... seria o cravo
Se ela fosse uma flor... seria o girassol
Se ele fosse um período... seria o dia
Se ela fosse um período... seria a noite
Se ele fosse uma estação... seria primavera
Se ela fosse uma estação... seria o verão
Se ele fosse um animal... seria o leão
Se ela fosse um animal... seria a foca
Se ele fosse uma fruta... seria maçã
Se ela fosse uma fruta... seria melancia
Se ele fosse uma nota musical... seria mi
Se ela fosse uma nota musical... seria sol
Se ele fosse um planeta... seria Mercúrio
Se ela fosse um planeta... seria Vênus
Se ele fosse uma letra... seria A
Se ela fosse uma letra... seria Z

Se você fosse perfeito... não seria você!
PS mais do que necessário: esse post não é dedicado e nem foi inspirado em ninguém.

domingo, 14 de junho de 2009

Falsos Pinóquios


Você pode fingir, falar sem gaguejar, não ficar vermelho de jeito nenhum, treinar na frente do espelho, jurar por Deus mesmo sem fazer figas, colocar a mãe no meio, pensar num álibi perfeito, pagar para um amigo confirmar o que está dizendo e até se convencer de que está falando a verdade. Não tem jeito: a mentira tem perna curta.

Existe coisa mais covarde do que mentir? Pior são as pessoas que mudam a palavra por conveniência e chamam de omissão o que, na verdade, não passa da mentira mais deslavada possível.

É preciso ter coragem para assumir as coisas que faz, que fala, que sente. Não adiantar sustentar uma coisa a vida inteira, por anos e mais anos para, no final, alguém descobrir uma mentirinha, uma pisada na bola. Perdeu a credibilidade e aí, perdeu playboy!
Aliás, "mentirinha" não existe, né? Mentira é mentira, porra. É a mesma coisa de chamar um gordo de "gordinho", um cara +/- de "bonitinho". Mentira é o tipo de coisa que ou é ou não é. Sem diminutivo, sem essa coisa hipócrita de "mentirinha".

Existem as mentiras necessárias? Opa! Quando queremos fazer surpresa para alguém (festa de aniversário, por exemplo, tem que mentir pro aniversariante não desconfiar de nada). Mas depois compensa ter mentido e a pessoa "enganada" nem vai considerar aquilo como mentira. Foi fofo, poxa!

Os reality shows estão aí para vender uma coisa verdadeira, para fazer a gente pensar que, independente do tempo, ninguém consegue segurar uma bandeira de algo que não é: a máscara cai. Independente do quanto "reality" esses programas são, as pessoas começam a se mostrar, a lavar o rosto e finalmente se expõem.

A verdade sempre aparece, não adianta querer esconder. É tão bonito ser 100% verdadeiro, né? Se não sente, não fala. Se não quer, não topa. Se não tem certeza, não demonstra. Permita-se ser você mesmo, doa a quem doer. Momento clichê: é mil vezes melhor magoar com a verdade do que iludir e agradar com uma mentira.

Pinóquios: simplesmente lamentável! Cresçam, amadureçam! Façam valer a pena! Sejam vocês mesmos! Adquiram amigos e admiradores que saibam, pelo menos, quem admiram, ou seja, mostre a sua essência.
Ah, sim. Eu já menti. Várias vezes. Mas quer saber? Sempre me arrependi. Acho que aprendi, viu?

Tem coisas que não me descem, mas nem com um copo de Coca-Cola de 500 ml.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Nó na garganta - parte I


Já eram mais de oito horas da noite de mais um dia atribulado para os dois. Ela sentou-se à mesa, ele puxou uma cadeira e sentou-se ao seu lado. Começaram a conversar, cada um reclamando sobre o seu trabalho. Ele pediu uma cerveja escura – boa pedida para a noite fria que fazia. Ela preferiu um suco de melancia. Ele nem notou que ela havia trocado sua bebida oficial – a caipirinha de frutas vermelhas. Ele acendeu um cigarro, depois outro, e muitos mais até decidirem ir embora. Ela tentava, discretamente, desviar a fumaça do seu rosto enquanto acompanhava os gestos apressados, a fala arrastada e ansiosa dele, com o encantamento que é peculiar dos apaixonados.

Ela tentava falar sobre coisas amenas, como os compromissos agendados para o final de semana (manicure, cabeleireiro, sessão comprinhas com uma amiga) mas ele insistia em comentar sobre os problemas que lhe assolavam: trabalho, dinheiro, trabalho. Após algumas tentativas (frustradas), ela decidiu calar-se. Percebeu que ali, figurava apenas como ouvinte e era esse o papel que ele esperava dela no momento.

As horas foram passando e ela já não registrava uma única palavra proferida por ele. Seu pensamento estava longe dali. Ela parecia acompanhar um filme na opção mute. Mal se atentava para a leitura labial. Mas sabia, ainda assim, que o assunto continuava sendo o trabalho e a falta de dinheiro. Decidiu se levantar para ir ao banheiro. Entrou na cabine e chorou. Saiu, lavou o rosto, passou um pouco de corretivo e voltou para a mesa. Ele nem notou os olhos vermelhos, característicos de alguém que acabara de chorar.

O monólogo se estendeu por mais uns dez minutos. Ele pediu a conta, eles dividiram e saíram. Ele a abraçou e subiram a rua, em direção ao metrô. Ficaram um tempo abraçados na plataforma, num gesto de ternura e carinho. O metrô dela chegou antes. Despediram-se com um beijo caloroso e ela entrou no vagão. Ele a acompanhou até onde os olhos permitiram. Ela se sentia feliz apesar de, mais uma vez, ter adiado o anúncio.
Ela está grávida.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A maldita TPM...


Sim, eu sofro de TPM. Todos os meses. Uns mais intensos, outros mais amenos. Todos insuportáveis. Você não acha roupa para vestir que lhe caia bem, seu cabelo não ajeita, sua pele não ajuda.

Sinto vontades do nada: de chorar, de gargalhar, de receber carinho, de comer doce, de mandar alguém (normalmente, qualquer pessoa) tomar no cu, de ficar quieta, de falar até ficar rouca, de me isolar, de estar cercada de amigos...

Às vezes bate uma deprezinha de leve, acompanhada de reflexões existenciais (um bando de pensamentos pau no cu, isso sim) e, na hora, você acha mesmo que isso vai fazer A diferença na sua vida.

Este mês, neste exato momento aliás, estou atravessando por mais uma fase dessas. Hoje ela aflorou mesmo, com tudo: senti raiva, vontade de chorar, de sumir e de mandar tudo e todos para casa do caralho. E também me senti uma completa ridícula, burra. Cheguei a questionar se estou na profissão certa, na agência certa, atendendo o cliente certo.

Também entrei numas de que "ele não me ama mais, na verdade ele nunca me amou foi porra nenhuma, ele cansou de mim, saco!" e O PIOR, eu disse isso a ele (pelo menos umas boas seis vezes, na sequência). PS mais do que necessário: não basta ele ter me aturado mau humorada por causa da fome no domingo, ele também precisaa me aguentar de TPM. Foda-se, isso que dá se ver todos os dias. E ahhh, eu aguentei o bipolar triplo carpado dele ontem, e sem reclamar!

Agora, no frio do meu quarto, voltei a pensar: cara, se pá ele não tá mais afim mesmo. Será? Mas... mas... Eu gosto tanto dele! Que pena! [BB, ignore essa parte se você ler o post, por favor, tá? =)] Aí, eu tomei um café, fumei um cigarro e pensei: Já sei! Vou desabafar no meu blog eeeeee! Mas juro que pensei mais além: Por quê eu tenho que passar pela TPM Descontrol todos os meses? É coisa de mulher fresca? É coisa de quem não é equilibrada? É possível evitar? Não, não dá... Eu juro que às vezes nem me dou conta de que o período fatídico está se aproximando e, quando vejo, estou chorando sem motivo e xingando quem não merece... Minha TPM vem sem avisar e quem me conhece acaba me lembrando que tudo o que estou sentindo, ah sim, vai passar...

Se você leu o post até o fim, já sabe: se eu te xingar sem motivo, ou se me encontrar chorando em algum lugar, reze um pai-nosso antes de falar comigo: não sou eu, é a TPM!

PS extremamente necessário: Prometo que um post tão ruim quanto esse só terá no mês que vem! Em mais uma das minhas TPMs =)

O primeiro dia do resto de nossas vidas


Não posso fugir do assunto mais comentado do momento: a tragédia da queda do avião da Air France que – não sei como e se isso é possível – sumiu no espaço aéreo brasileiro. Não quero ser mórbida e falar de morte e tristeza. Ao contrário. Quero falar da vida.

Será que precisa acontecer uma tragédia dessa dimensão para eu notar as pessoas mais reflexivas e sensíveis em relação ao conceito carpe diem? Tenho escutado muito esse comentário, nas rodas de amigos, colegas de trabalho, e até em conversas alheias às quais eu, mui mal educadamente, insisto em escutar. A maioria diz: “por isso é importante aproveitar a vida, a gente embarca num avião e não sabe se sai vivo”. Mas alguém aí pensou que isso é ser óbvio demais? A gente não tem que aproveitar a vida só por que ela é curta, porque corremos o risco de sermos atropelados por um motoboy no cruzamento da esquina de nossa casa ou porque um piano pode cair da janela do 14º andar do prédio e atingir em cheio a nossa cabeça, NÃO.

A gente tem que viver intensamente não como se fosse o último dia de nossas vidas, mas como se fosse o primeiro deles. Ao ver seus pais logo pela manhã, cumprimente-os com beijos e abraços como se nunca tivesse feito isso antes. Ao encontrar sua melhor amiga, diga a ela o quanto é especial na sua vida. Não tenha vergonha de falar em alto e bom som EU TE AMO para o seu namorado e para quem mais quiser dizer! Lembre-se: esse é apenas o primeiro dia da sua vida e é importante plantar amor e sinceridade para colher frutos maravilhosos ao final da jornada.

Se todo mundo pensasse assim, ninguém estaria com esse papo deprê sobre a tragédia aérea. A gente saberia que, mesmo morrendo de forma trágica, todos colheram frutos recompensadores no final. Mesmo o casal que viajava em lua-de-mel.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nós


... E assim, do novo fez-se o inesperado. Um homem e uma mulher, com histórias tão diferentes que se mesclam. Uma mistura de sentimentos permeados pela novidade. Um casal que se une em meio a uma situação inusitada e pouco convencional. Sim, um casal não-convencional até onde essa expressão poderá ser experimentada. Sem limites, sem tabus, sem julgamentos, sem rótulo. Eles simplesmente – por opção – jogaram fora os manuais de instruções e os livros de condutas para viverem uma experiência que poucos se permitem: o amor, puro e simples.

... E aí, frente ao novo que sempre assusta, enfrentaram os obstáculos comuns que antecedem as grandes vitórias. Ignoraram críticas, rejeitaram conselhos, desdenharam de olhares desaprovadores, deram de ombros aos valores e juízos. Escolheram ser felizes. Com responsabilidade, com amadurecimento, com princípios, com objetivos e com ideais. Sem limites.

... E então, seguiram suas vidas apoiados naquele que deveria ser o único conceito que mostra o por quê se vale viver a vida: o amor. Cúmplices, amantes, amigos, irmãos. Se amam, se odeiam, se irritam, se veneram, se desejam, se permitem. Permitem-se sentir o que bem quiserem. Gostam de dizer o que sentem. Sentem aquilo que gostam. Compartilham experiências, aprendizado, erros, acertos, desejos, ciúmes, virtudes, orgulham-se do outro, vibram com suas vitórias, respeitam o silêncio e a dor das derrotas.

... E é assim que deveria ser. E é assim que será. Pra sempre.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Falha na comunicação


Lá vai ele, rumo a sua casa depois de um dia exuastivo de trabalho. Às vezes, exigir demais do intelecto cansa mais do que carregar tijolos e sacos de cimento no lombo. Ele desce uma das ruas mais democráticas da gigante São Paulo. Preocupado, nem repara na diversidade de pessoas, estilos e tribos que desviam das poças d’água nas calçadas molhadas pela garoa fina que insiste em cair na terra conhecida justamente por essa característica peculiar.

Ele pára. Reflete um pouco e decide entrar em um dos botecos da rua para uma cerveja inocente. Senta-se ao balcão, pede a “de sempre”, ajeita-se na cadeira e pensa na vida. O trabalho lhe demanda muito, grande volume de informações, cobranças, pressões... Ele, mais do que ninguém, sente-se merecedor daquela pausa após labuta. Uma de suas preocupações vêm a mente entre um gole e outro da bebida: um novo lugar para morar.

O contrato atual venceu e o proprietário lhe decretou a data de saída do imóvel. O tempo parece ser cruel e implacável e ele não consegue encontrar nada que lhe agrade. Ora, escolher uma casa não é como comprar uma calça jeans, você não poderá se arrepender, pelo menos, por longos doze meses. Por isso, todo cuidado é pouco e toda a cautela é fundamental.

Ele faz algumas contas e sente-se mais desanimado quando vê que o dinheiro mal sobrará para o lazer. Mas ok, tudo o que ele não precisa é de mais uma preocupação. A cerveja acaba. Ele titubeia entre pedir mais uma ou subir a ladeira em direção ao coração financeiro de Sampa para, finalmente, chegar em casa e dormir o sono dos justos. Levanta-se, paga a conta e sobe a rua, entre letreiros luminosos de bares e baladas que já começam a se preparar para receber as centenas de pessoas que se aglomeram pela rua Augusta.

Preocupado que estava, não deu oportunidade de conversar com seu vizinho no balcão do boteco. O homem estava preocupado pois havia dois meses que colocava sua casa para alugar – oportunidade que o aposentado vislumbrou de aumentar sua renda mensal – e não recebera nenhum telefonema de interessados pela locação.

Tem dias à tarde que a noite é foda.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Influenciar para ser influenciado

Hoje em dia, com os avanços da comunicação e o surgimento de novos meios e ferramentas para nos comunicarmos com o mundo (seja ele real ou virtual), nota-se um fenômeno cada vez mais freqüente: a necessidade das pessoas e empresas serem reconhecidas como influenciadoras de opinião. Mas até quando é relevante valer-se desse “título”? E, mais, quando vale a pena exercer influência sobre determinada pessoa/público?

Todos sabem que a propaganda é grande manipuladora, exerce papel determinante enquanto influenciador no consumo das pessoas. Você nem está com fome mas basta uma propaganda “apetitosa” para assaltar a geladeira. E que decepção quando não temos o tal produto anunciado na nossa despensa. Mas ok, problema resolvido: ele será item certo no seu carrinho de supermercado. E as tentadoras promoções que assolam as vitrines dos shoppings centers? Você nem precisa de DUAS botas mas a vendedora alardeia tanto que na compra de uma você ganha desconto na segunda... É, não custa (quase) nada levar uma preta e marrom.

Até aí, nada surpreendente, principalmente se lembrarmos que vivemos em um país onde – dizem – uma emissora de TV elegeu o presidente da República (ou seja, foi capaz de – enquanto veículo de comunicação de massa – manipular centenas de milhares de eleitores). Mas e na nossa vida? Será que influenciamos pessoas ou somos mais influenciados do que influenciadores?

Para responder essa questão, a única forma é olharmos para nós mesmos e repararmos como agimos em determinadas situações. Aquele olhar de cachorro que caiu da mudança só para convencer o namorado a ir no aniversário de 90 anos da sua bisavó vale, viu? E quando aceitamos uma condição imposta por um amigo (nem que seja aquele seu amigo-irmão que te liga pedindo que o acompanhe a um bar de sertanejo – você odeia sertanejo – mas que faz questão de lembrá-lo que quando você precisou de carona para voltar da praia ele se ofereceu)?

No trabalho, basta alguém comentar que fulano “queimou” beltrano com o diretor que você, mesmo sem ser afetado por isso, passa a repudiar tal pessoa e pensa duas vezes antes de comentar ou se queixar em relação a alguém da empresa. Para sair mais cedo na véspera de feriado, você jura que já terminou seu trabalho e que as pendências poderão ser resolvidas na volta, sem problemas. Nesse caso, jurar só não basta. Então, você dá “um jeitinho” de prorrogar alguns prazos (já que lhe convém).

Uma coisa é certa: nas situações cotidianas mais simples e corriqueiras, estamos influenciando e sendo influenciados por pessoas. O tempo todo! Basta termos discernimento e sabermos usar nosso “radar” para as boas e as más influências. Afinal, comprar uma bota verde-limão que não combina com nada, experimentar um queijo com sabor de lagosta mediterrânea ou perder o prazo de uma matéria que seria a capa da Exame não precisam (e nem podem) acontecer! Mas a gente nem sempre se atenta ao teor da influência. Think about!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Indecifráveis


Algumas pessoas são realmente intrigantes. Não, não seriam interessantes, são intrigantes mesmo. Antes decididas, nos surpreendem com suas atitudes. Às vezes, é bacana surpreender (assim como ser surpreendido) mas também é necessário mantermos uma lógica nas nossas atitudes e ideologias. Dizer e desdizer está se tornando cada vez mais comum. Será que é por que, muitas vezes, as pessoas não têm plena certeza do que querem/pensam e saem por aí proferindo palavras sem se preocuparem com o efeito que elas poderão causar?

Já ouvi dizer que aquilo que é dito não se apaga. Pode-se esquecer, mas ficou em algum lugar. O problema é quando quem diz esquece mas quem ouve, guarda.

Trocar de ideia é aceitável. Às vezes, durante anos pensamos estarmos certos sobre determinada coisa quando, de repente, percebemos que estávamos errados. Louvável reconhecermos nosso erro e, então, mudarmos nosso ponto de vista. Mas ter certeza de algo e insistir em errar é preocupante. Aí já entro em uma viagem que não tem resposta (eu, pelo menos, não tenho, se alguém quiser viajar junto sobre isso, ótimo!): Quem poderá nos dizer quando estamos certos e errados? Até quando o que é certo para ele será certo também para mim?

Ok, vivemos em uma sociedade permeada por leis e conceitos. Muitas vezes, acabamos por aceitá-los sem termos sequer direito à escolha (roubou? é crime, será preso, terá que pagar por isso). Mas e para os sentimentos e todas as demais coisas abstratas? Os conceitos de belo, feio, bom, ruim, quente, frio... São variáveis. Não temos o direito de dizer a uma pessoa o que é bonito, o que é bom... Talvez o que me agrada não necessariamente agradará minha amiga, meu tio... E nesse caso não existe certo e errado, são pontos de vista diferentes e, portanto, respeitáveis.

Quando o assunto é amor então, aí complica de vez. Aí não adianta tentar entender, nem estar certo ou errado. Amor é sentimento, logo, não se pode - e nem se deve - tentar entender. O melhor é sentir. Sem regras, nem pudores. Sinta-se bem. Sinta-se feliz. Mas, acima de tudo: permita-se sentir!

sábado, 23 de maio de 2009

O bom de ser...


Talvez as pessoas nasçam com missões. Caminhos e pessoas pré-destinadas, como aquele sorriso que você não consegue conter, aquela lágrima que não dá para disfarçar, o cabelo mal arrumado e espetado que nem a fivela consegue esconder.... Por mais que você fuja, mude-se para o Acre (se é que ele existe), troque de nome, venda seu celular... O que tem que ser é! Simples assim.

Mas eu prefiro pensar que algumas coisas podem ser alteradas. Digamos que você ganha uma licença de Deus para fazer da sua vida o que bem quiser. Tem os que usam essa "permissão" e decidem quando, onde e o quê fazer. E tem os acomodados, que dispensam o livre arbítrio e, simplesmente, assistem a vida acontecer. Mas, cá entre nós? Acho que ainda assim, nos dois casos, algumas coisas são inevitáveis.

O bom da vida, por si só, é existir! E melhor ainda é você saber que tudo nela é efêmero. O céu que você contempla hoje não será o mesmo de amanhã. Sua melhor amiga de infância, por onde anda? Você nem sabe mais dela e só se lembra muito de vez em quando. Por que? Passou, acabou o tempo. E o carinha do terceiro colegial que você e todas as meninas do colégio achavam lindo? Nas férias de final de ano você se esqueceu dele e quem passou a importar era o carinha de São José dos Campos, que também passava as férias no seu prédio da praia. A melhor calça, a melhor bolsa, o melhor sapato, o penteado, a cor do esmalte que você passa. Tudo é passageiro mas tem a sua importância pelo período de tempo que VOCÊ determinar.

Por isso é cada vez mais importante viver bem todos os momentos, com intensidade, paixão, força.... Entregue-se ao máximo, faça valer a pena sempre! Você não sabe por quanto tempo estará fazendo a diferença na vida da outra pessoa, então, se for a última vez que você realmente terá importância para ela, deixe que ela se lembre de você da melhor forma possível. E obtenha o melhor de tudo, extraia as coisas que te fazem bem e separe aquilo que nem é tão legal assim. Não ignore, apenas não absorva. Um dia, isso poderá lhe ser útil.

Uma vez ouvi de uma pessoa que quem vai com a gente até o final somos nós mesmos. Por isso, temos que vir sempre em primeiro lugar. Vez ou outra abdicamos das nossas coisas para ceder um pouco ao próximo. Mas a nossa felicidade e plenitude não pode ser menos importante do que nada e ninguém.

Tudo na vida é passageiro e esse é o bom de ser!